segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A história duma ideia perigosa 2

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« Pressupunha-se também que as políticas de austeridade dessem estabilidade aos países da zona euro, e não que os minassem. Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha (os PIIGS da Europa) lançaram duros pacotes de austeridade desde que a crise financeira os atingiu, em 2008. A dívida excessiva do setor público da Grécia, o setor privado superalavancado da Espanha, a falta de liquidez de Portugal e da Itália, e os bancos insolventes da Irlanda acabaram por ser resgatados pelos concernentes Estados, abrindo buracos nas respectivas dívidas e nos respectivos défices. (...)
Portanto os PIIGS cortaram nos seus orçamentos e, enquanto as suas economias se contraíam, a dívida aumentava em vez de diminuir e, sem que isso surpreenda, os juros que tinham de pagar dispararam. A dívida líquida portuguesa em relação ao PIB aumentou de 62% em 2006 para 108% em 2012, enquanto os juros das obrigações a dez anos de Portugal passaram de 4,5% em Maio de 2009, para 14,7% em Janeiro de 2012.
O quociente da dívida da Irlanda em relação ao PIB, que era de 24,8% em 2007, subiu para 106,4% em 2012, enquanto os juros das suas obrigações a dez anos passaram de 4% em 2007 para um máximo de 14% em 2011.
Exemplo supremo da crise da zona euro e da política de austeridade, a Grécia viu a sua dívida em relação ao PIB aumentar de 106% em 2007, para 170% em 2012, apesar das sucessivas rondas de cortes de austeridade, e de os credores terem assumido a perda de 75% dos seus créditos em 2011. As obrigações da Grécia a dez anos pagam actualmente 13%, depois de terem atingido um máximo de 18,5% em Novembro de 2012.
Claramente a austeridade não está a funcionar, se "funcionar" significa reduzir a dívida e promover o crescimento. (...)
[Austeridade, Mark Blyth, Ed.Quetzal, Out. 2013]