É indispensável ler um e importante ver o outro. O livro mostra cristalinamente uma questão. O filme explica outra com clareza. Nenhuma delas tira o sono aos académicos, preocupados que andam a construir carreirinhas.
No livro, a questão é esta: bem-aventurados os cafres das colónias, que sofreram o látego inglês; beberam o fel do cálice, mas não perderam tudo.
Já o colonialismo português imolou igualmente os cafres do sertão e o povo de Portugal, sem vantagens para nenhum. Os únicos ganhadores do colonialismo português foram uma elite oligárquica inútil e parasita, e os interesses da Igreja do Vaticano, que ainda hoje se alimenta desses rendimentos.
O filme ilumina outra questão, o "milagre" de Mandela, e a sua aura providencial. É muito simples, humana e natural: os boers tinham na mão armas bastantes para um holocausto; os negros eram trinta milhões de vítimas expostas.
Mandela só podia perdoar e evitar um mar de sangue. O resto é treta de eruditos encartados.