segunda-feira, 8 de abril de 2013

As virgens e as marafonas

Aquele espanto da virgem, que o rapaz veio mostrar, faz lembrar a marafona que escondeu. Porque ninguém acredita naquele ar surpreendido com a sentença do TC.
Múltiplas instituições haviam alegado várias inconstitucionalidades. Era mais do que provável que algumas delas fossem atendidas. Sobretudo tendo em conta que outras já se repetiam, do orçamento anterior.
Teoria da conspiração ou não, a verdade é que há quem diga que tudo foi assim deliberadamente arquitectado: provocar uma sentença desfavorável ao orçamento, pôr em causa a lei fundamental, responsabilizar o tribunal constitucional, agitar o espantalho do caos e dos mercados, e aproveitar o impulso para avançar no que lhes é essencial; a educação pública, as funções sociais do estado, os serviços de saúde e o sistema de transportes. Redução dos apoios sociais, aviltamento da educação pública, precarização dos cuidados na saúde e despedimentos de pessoal.
A maioria esmagadora da população portuguesa só teve acesso à dignidade e a muitos benefícios deste tipo nos últimos trinta anos. Convencidos de que lhes chegou a hora, é isso que estes facínoras querem reverter. À semelhança daquilo que vimos vendo há décadas na América, e mais ainda na Inglaterra e na Europa.