Nos longos tempos do cavaquismo antigo (porque há outro que é moderno), tivemos na Educação uma constelação de especialistas que deixaram legenda. Foram eles, entre muitos, João de Deus Pinheiro, Roberto Carneiro, um tal Couto dos Santos e Manuela Ferreira Leite herself.
Eram as décadas de oitenta e de noventa, dos dinheiros baratos da Europa (essa canela duma Índia nova), da bolsa eufórica, dos investidores arrojados, dos empresários do futuro e do pugresso. As universidades públicas não davam para as encomendas, o mercado andava numa fona, e os próprios estudantes, quem diria, ninguém pegava neles.
Foi então que as universidades privadas romperam a nascer como tortulhos à chuva. Nem vale a pena aqui enumerá-las, cada uma delas era um caça-níqueis a abarbatar as propinas, e a regra única era a do livre mercado.
Em Fevereiro de 2010 eram ministrados no ensino português 5.262 cursos superiores, com as designações mais extravagantes, e o número de analfabetos funcionais diplomados nunca foi tão extenso. Até que um ministro do Sócrates, o Mariano Gago, pôs finalmente a funcionar a A3ES (Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior), tendo sido eliminados até hoje 1.457 cursos. Salvou-se à justa a procura do conhecimento permanente, o lema da vida dum renomado ministro.