Questões pertinentes de José Tolentino Mendonça, há dias no PÚBLICO:
«Se aceitássemos sem mais que o valor intrínseco de um bem é aquele determinado pelo seu potencial económico, a poesia já há muito teria desaparecido.»
«Sabemos que uma carcaça anda à volta dos vinte cêntimos, que um litro de leite anda à roda dos sessenta e por aí fora. São números que nos preocupam, enquanto indicadores de linhas de sobrevivência. Mas quanto custa um poema?»
«Quanto é que nos custou o poema nacional "Os Lusíadas", e quanta pobreza custou a Camões? Quanto custou a obra de Álvaro de Campos, que é tão extraordinária como o claustro do mosteiro do Jerónimos onde jaz o seu criador? Quanto nos custou "Um adeus português" do Alexandre O'Neill (...)?»
«A poesia, e a arte em geral foi, é e sempre será, na sua forma mais pura, um problema do indivíduo, (...) pois a poesia é de facto uma questão que (os poetas) têm consigo. Seria, contudo, muito estranho desconhecer a função antropológica e social da poesia.»
«"A poesia é uma água à qual podemos pedir a sede". (...) Mas os poetas precisam que a sociedade pergunte se tem a pagar alguma coisa.»