«O homem do séc. XVIII era eminentemente sensível. O "penso, logo existo" de Descartes, fora substituído pelo "perceber é sentir" de Rousseau, e essa foi, também, a atitude dos filósofos da natureza, ou cientistas. Entretanto a sociedade mercantil evoluía para a sociedade industrial e nascia a engenharia. Fazer coisas era tão motivador (e enriquecedor) como trocá-las, trazendo-as e levando-as dum lado para o outro (comércio). Sintomático desta nova atitude é o facto do problema da longitude ter sido resolvido por um modesto relojoeiro de aldeia, John Harrison, enquanto os astrónomos e matemáticos da capital e das universidades se afadigavam a seguir e interpretar o movimento dos astros. A experiência prática impunha-se à teoria. (...)
Em termos de inovação e descoberta, o Norte de Inglaterra e a Escócia passaram a competir com a metrópole londrina e as universidades clássicas. É típico dos novos tempos que uma personalidade superior como o filósofo escocês David Hume, cansado da capital e duma longa vida pública, acabasse por se refugiar em Edimburgo, apesar da sua fama europeia. Era no Norte que estavam a acontecer as coisas interessantes. O Sul agrário da Inglaterra não apreciava a ciência. A Revolução Industrial facilitou uma nova interdisciplinaridade, fruto do companheirismo e da amizade entre os homens cultos e curiosos da época. Industriais e poetas, químicos e engenheiros, economistas e pintores, médicos e homens da Igreja, filósofos e matemáticos, etc, juntavam-se para discutir questões particulares ou de interesse comum, formavam tertúlias, clubes e sociedades (...). Os dois exemplos mais patentes foram a Sociedade Lunar, que emergiu à volta de Birmingham, e o Clube da Ostra, em Edimburgo. (...)
Foi a Revolução Industrial que possibilitou o florescimento da química. (...)»