[Old Bess, a primeira máquina a vapor com movimento rotativo e condensador separado]
«(...) Na base da pirâmide dos saberes estão as ciências mais básicas, exactas e duras. A sua dureza faz com que aguentem as ciências que vieram depois. A pirâmide vai crescendo em altura, sendo-lhe sucessivamente adicionadas as ciências mais recentes e moles. A química explica-se com a física e a matemática; a biologia, com a física, a química e a matemática; a psicologia, com a biologia, a química, a física e a matemática, e assim por diante. A complexidade crescente do problema percebe-se na sequência: átomo (física), molécula (química), célula (biologia), planta (botânica), etc. O peso das ciências mais novas faz endurecer as ciências mais velhas, sobre as quais aquelas se apoiam. Com o tempo, as ciências moles também endurecem, tornam-se mais rigorosas e matematizadas, permitindo o aparecimento de novas ciências moles. Esta é, obviamente, uma descrição metafórica, mas que ajuda a compreender em termos muito gerais, a evolução da pirâmide ou árvore das ciências. (...)
(...) Black faz parte da ínclita geração responsável pelo chamado Iluminismo Escocês. Nascido em 1728, pertencia à geração doutros escoceses ilustres, como o filósofo David Hume, o economista político Adam Smith, o geólogo e médico James Hutton. (...) Tornaram-se amigos íntimos, viam-se praticamente todos os dias e não dispensavam as reuniões semanais no Clube da Ostra de Edimburgo. A estas luminárias devem-se ainda adicionar o nosso conhecido James Watt e Adam Ferguson, filósofo e homem de letras. (...)
Em 1763, Adam Smith renunciou ao cargo de professor para ser tutor de Henry Scott, duque de Buccleuch. Os dois viajaram pela Europa onde se deram com personalidades importantes como d'Alembert e principalmente o fisiocrata François Quesnay. Terminada a tarefa de educador, Smith refugiou-se em Kirkcaldy, a terra natal no condado de Fife, a fim de se dedicar à escrita da sua obra magna. Numa paisagem dominada por minas de carvão, salinas e fábricas de pregos, o ambiente ajudava ao raciocínio económico. Uma década depois, aparecia a Pesquisa sobre a Natureza e Causas da Riqueza das Nações (1776), o mais influente tratado europeu de economia política. (...)
Os inventos de Watt marcam o começo duma nova era - a era da energia. O curioso é que isto sucedeu antes da palavra energia ter adquirido o seu significado preciso e moderno, o que só veio a acontecer em 1807 com Thomas Young, outro médico físico. (...)
Abriam-se novas perspectivas para a Humanidade. Até então pensava-se que a capacidade de transformação da natureza dependia quase exclusivamente do esforço muscular de homens e animais. Havia ainda a energia eólica, que fazia mover os moinhos; a hidráulica, que fazia rodar a roda da nora, e pouco mais. Com a sua máquina a vapor aperfeiçoada, susceptível de múltiplas aplicações, Watt aumentou exponencialmente a energia utilizável, inaugurando uma nova etapa. Seria preciso esperar mais de um século para que acontecesse uma mudança qualitativa e quantitativa semelhante com o advento da energia eléctrica, e quase dois séculos para a generalização da energia nuclear. (...)
A utilidade da nova máquina media-se pela sua capacidade de produzir trabalho, num determinado intervalo de tempo. Sem se saber bem o que era a energia e muito menos medi-la, o termo comparativo era a potência do cavalo. Parece ter sido Savery quem primeiro empregou o termo horsepower e Watt generalizou-o. A máquina a vapor era vendida na base do número de cavalos necessários para produzir rendimento semelhante.(...)»