domingo, 10 de fevereiro de 2013

HAJA LUZ! - 12


EDUCAÇÃO À VISTA
«(...) É sabido como a iconografia religiosa que enchia as igrejas e catedrais medievais - frescos, vitrais,esculturas e pinturas - era, para uma população esmagadoramente analfabeta, um livro aberto de educação cristã. As invenções técnicas da era industrial desempenharam um papel semelhante no que respeita à educação científica e técnica. Tome-se o caso da máquina a vapor. Ao longo do séc. XVIII tornaram-se tão ubíquas como hoje o são as bombas oscilantes, com as suas cabeças de martelo, nos campos de petróleo do Texas e da Califórnia; tão comuns como as actuais bombas de gasolina. Do residente ao viajante, ninguém as pode ignorar. Chegavam a atingir a altura dum edifício de quatro andares, e a cacofonia de sons que produziam fazia lembrar uma orquestra à base de sopros, metais e percussão. A boca da fornalha vomitava labaredas, os braços da alavanca agitavam-se numa movimentação febril, as narinas das válvulas sopravam nuvens de vapor queimante. Eram os novos dragões do imaginário popular, capazes de meter medo às crianças, sendo por isso extraordinariamente apelativas. O equivalente actual, no imaginário infantil, serão os dinossauros. (...)
Entretanto, de vila em vila, de feira em feira, começou a aparecer um novo personagem - o filósofo natural (cientista) visitante, hábil nas demonstrações experimentais, para instrução e gáudio do povo. Era o princípio dum despertar para a ciência, através do mais expedito e fiável dos métodos: ver para crer. A cena era tão popular e excitante que interessou os pintores da época, à procura de assuntos novos. O caso mais exemplar é o de Joseph Wright, natural de Derby, um dos berços da Revolução Industrial. (...)»