No tempo da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, aqui há dois anos, o sindicalista Mário Nogueira ganhou um lugar na história. A pretexto da necessária e indispensável avaliação dos professores (que não cabem todos no conceito de docentes, porque alguns pouco têm para ensinar), o Napoleão da FENPROF transformou legiões deles numa tropa de choque contra a única ministra que até hoje quis deixar atrás de si alguma coisa de útil, no campo da Educação.
O caso acabou como se sabe. Quando lhe chegou o tempo, toda a oposição na Assembleia mandou para a reciclagem o trabalho normativo laboriosamente erguido. E tudo voltou à casa da partida. O Napoleão invadira a sua Rússia, a qualidade e o futuro da escola pública estavam assegurados, e os professores embandeiraram em arco. Tinham dado cabo do canastro à sinistra.
Mas tiveram pouco tempo para as paradas da vitória. Que cedo viram a sua própria classe, esfolada e indefesa, fragmentada e confusa, pendurada num gancho do talho do novo ministro Crato. Reduzida ao silêncio do mercado e ao desespero.
Agora o Napoleão ninguém o ouve, que a sua Rússia acabou como se sabe, e a escola pública e moderna já tem quem trate dela. Vai mandando a um juiz providências cautelares, a contestar os despachos do talhante. O último deles, vejam só, altera cobardemente a organização dos horários nas escolas, no próximo ano lectivo, sem dizer um água-vai. Isto quando a lei manda que a organização dos horários e os tempos de trabalho dos professores são matéria de negociação obrigatória.
Displicente e tranquilo, pois já Roma desprezava serviçais traidores, o Crato puxa o fio ao cutelo no assentador, e assobia para o ar