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Há portugueses extraordinários, ninguém pode negá-lo. Assim de caras podem-se referir dois.
Um deles é o Camões, que a seu tempo escreveu Os Lusíadas, a última epopeia digna desse nome.
O outro é o sr. Fonseca, que meteu na cachimónia as 88.160 sílabas métricas, dos 8.816 versos decassílabos, de todas as 1.102 estrofes dos 10 Cantos do poema.
Pois hoje o sr. Fonseca vai "falá-los" (dizê-los, recitá-los) a todos, de cor, de cabeça e de coração, num espectáculo do Centro Cultural Vila Flor, integrado no não sei quê Guimarães Capital da Cultura 2012. (Óvistes, ó Níbal, aproveita tu a deixa e vai até lá, que alguma coisa aprendes?!).
A pergunta pertinente será de que nos servirão tais extraordinariedades, a epopeia e a recitação dela, o Camões e o sr. Fonseca.
No caso do primeiro, está mais que justificado, se o poema nacional foi o único fruto doce das nossas alucinadas Índias todas. Tudo o mais foram frutos azedos. Com um tantinho de esforço e emoção patrioteira, bem adequada ao dia, quase podia afirmar-se que Os Lusíadas resgatam tamanha desgraça.
Já no caso do segundo, por mais que se ande à roda, não se lhe encontra ponta por onde pegar. E em vez de assim queimar em vão tanto neurónio, melhor faria ele, à saúde do seu corpo e nosso espírito, se baixasse ao terreno e fosse praticar a epopeia da calçada de Alpajares, trotando atrás dum par de burros de almocreve mirandês. A freguesia de Poiares, ali no Mogadouro, organizou-a hoje.