Ao tempo não existiam ainda conceitos tão rebuscados. Vivia-se sob um manto de atavismos muito antigos, muito mais que os torreões da sé de Braga.
O infante andava enfezadito, de ventre inchado, que lá dentro havia fluidos fora do recipiente. Era hacite. E o Crespo é que lhe acertara no mal e no remédio, que exigia a aplicação de correntes galvânicas. Mas corrente eléctrica na vila só havia à noite.
A mater-dolorosa subia para a Marquesa, aconchegava nos braços o enfezado infante e lá seguia, estrada fora entre pinhais escuros. O pai não pensava em tais assuntos. O regresso era tão tarde, o filho era tão pesado, e as noites eram tão frias, que o médico muitas vezes lho trazia à Catraia, de automóvel, para ela folgar um pouco.
O filho desta mater-dolorosa acabou por se salvar, muito ao contrário do outro. Porque o mundo, e a vida nele, não seguem o guião dum testamento. Novo ou velho.