O autocarro vai cheio. Sobretudo de jovens das universidades, essa nata do pensamento e do saber da nação. Os mais deles vão ligados, confinados a ecrãs deslizantes, ou picotando teclados luminosos. Alguns deles mais que um.
As urnas há muito que fecharam, a esta hora haverá projecções, tendências, previsões de resultados. Não se detecta em ninguém o mais ínfimo sinal de curiosidade. Pareço-me cercado de zombies doentes, que ninguém diagnosticou.
Pelo telefone venho a saber que o gaulês do peixe podre é muito bem capaz de ganhar à primeira. Baste para concluir que havemos todos de ter um lindo enterro. E merecemos o que temos!