Tomemos como exemplo estes dois manipansos.
Aqui há uns anos, Mário Nogueira, esse César de bigodes, comandou Avenida abaixo uma legião de duzentos mil professores, filhos, amigos, parentes e demais familiares contra a ministra sinistra do governo de Sócrates, porque ela pretendia estabelecer uma avaliação dos docentes da escola pública. A ministra lá foi na enxurrada, e os professores acabaram, coitados deles, pendurados num gancho do açougue do Crato. Desde então o Nogueira entrou em modo silencioso, limitado à apresentação de irrelevantes providências cautelares. Até que os ventos mudaram.
Hoje é Arménio Carlos, da CGTP, que decreta uma greve na função pública, porque as 35 horas semanais, já previstas pelo governo do Costa, são inadiáveis e urgentes. São mesmo um afogadilho, questão de vida ou de morte! Pouco importa que os burocratas parasitas da Europa, e as hienas do rating da finança, e os sipaios dum governo de bisnetos de negreiros que aí houve já se babem de gozo, perante as dificuldades do projecto de orçamento que o Centeno apresentou a Bruxelas.
O Nogueira e o Arménio têm um traço comum: são dois braços do comité central, que anda aí à procura dos portões do palácio de inverno, e entrou em catalepsia com os resultados (inesperados?!) das presidenciais. E há estranhezas nisto tudo: ou esbracejar frenético de náufragos, ou falta dum GPS, ou idolatrias de seita, ou tacticismos canalhas. Oxalá no fim não sobre, ao país e ao povo dele, um travo a papel de música na boca!
ADENDA: Se o PC se vai esfumar sossegadinho no seu canto ou se vai arrastar o PS na sua queda (como os “duros” querem) é o que resta apurar. Seja como for, a agonia do comunismo irá com certeza produzir uma guerra na esquerda, que pode levar o regime à ruína. VPV in PÚBLICO.