Quando quero descansar os olhos, saio ao alpendre e lavo-os na encosta, até ao horizonte.
Quando me vêm as ganas de arvoredos verdes, vou ao parque municipal. É uma catedral pagã, dum gótico fascinante, mesmo se não tem vitrais. Mas tem lá dentro cedros do Himalaia, e bordos da Noruega, e castanheiros da Índia, e ciprestes do Arizona, e tuias americanas, e teixos, e mostajeiros, e sequóias-sempre-verdes, e abetos do Cáucaso, e pinheiros da Ponderosa, e freixos e azinheiras e plátanos e robínias e ulmeiros e castanheiros e sobreiros e carvalhos de trinta metros de altura.
Quando me falta um país, apago a luz das memórias e sonho com o centro da Europa.
Para ouvir cantar o cuco e rever as andorinhas, espero pelo solstício. Com este frugalismo que aí anda, não podemos ter tudo ao mesmo tempo.