quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

CEP 2

A vida de um soldado em guerra desde o 1 de Janeiro de 1917.

Estando eu em minha casa / muito bem assossegado / logo nesse mesmo dia / pelo regedor fui intimado.
Logo imediatamente / da minha família me despedi / no dia 2 a seguir / logo para a Guarda parti.
Assim que cheguei à Guarda / apresentei-me ao oficial de dia / logo me disse arrenegado / já cá havia de estar ao meio dia.
Naquilo logo eu vi / o princípio dos meus trabalhos / dali por meia hora / logo todos a formarmos.
Fomos para a arrecadação / receber arma e correame / um equipamento moderno / mas que coisa tão infame.
Faltava-nos o fardamento / botas e calças de cotim / o primeiro que chamaram / logo me calhou a mim.
Umas calças muito compridas / das covas do braço aos calcanhares / logo imediatamente / um bocado lhe fui cortar.
Estivemos ali uns dias / todos prontos para marchar / veio uma nova ordem / para de licença nos mandar.
A licença era pouca / não valia a pena ir à terra / todos os soldados diziam / vamos vamos para a guerra.
Já nenhum queria saber / da sua terra querida e amada / vamos seguir o caminho / vamos seguir a jornada.
Embarcámos no comboio / para seguirmos para Lisboa / não tivemos que dizer / a viagem foi bem boa.
Chegámos a Lisboa / a capital da nação / toda a gente nos dizia / que era uma expedição.
Entrámos para o vapor / logo nesse mesmo dia / não falámos para ninguém / titraram-nos toda a alegria.