A Rosa criou-se numa quinta, onde aprendeu o maneio do gado. E agora tem um rebanho dumas duzentas ovelhas. Na tosquia, é por favor que lhe limpam a lã do quinteiro. Mas não dão nada por ela. E o leite nunca lho tira, com proveito dos cordeiros, que são uns regalões. São as papeladas europeias, com o subsídio por cabeça, que lhe compõem o orçamento.
Dá gosto ver as ovelhas da Rosa, tão redondas e limpinhas. Não dormem em camas sujas, nem coxeiam das patas infectadas. Têm cornos torneados em forma de caracol. E podiam ser a talha dum altar, se os altares espelhassem aquilo que a vida é.
O rebanho retoiça na pastagem, delimitada por vedações de arame. E dorme sempre ao relento, quer chova quer faça sol. Em dias de maior gelo, em caso de algum nevão, entra na corte e não sai. As borregas roem feno, batatas, algum petisco de milho... e é só por isso que o Inverno lhes agrada. Mas para a Rosa a questão é indiferente. A trabalheira dela é sempre a mesma.