Não se nota que o marmanjo seja cultivado, nem particularmente ilustrado. Conhece mal a história do país, e em bom rigor não domina os recursos da língua em que se exprime. Porque os livros que leu são os que não existem.
Foi aí gestor duma empresa, num esquema montado por uma seita para chamar a si uns fundos europeus da formação: mil técnicos de autarquias haveriam de aprender a gerir uns aerodrómos perdidos no sertão, quando não eram simplesmente imaginários.
Cresceu nas alfurjas da juventude social-democrata, aprendeu uns truques nela. E no estertor do longo cavaquismo, tomou conta dos restos do partido. Hoje nenhum dos ínclitos barões lhe passa qualquer cartão.
O seu governo deixa o caos na Justiça. Degradou os serviços na Saúde. Arruinou sem remédio a Escola pública. Lançou borda fora a Ciência e a Universidade. Abandonou projectos e percursos na Inovação e Tecnologia. Desorganizou serviços públicos. Passou a patacos, miseravelmente, o património da nação. Precarizou as condições do trabalho e soltou a rédea ao desemprego. Empurrou centenas de milhares para a emigração. Abriu portas ao desespero e à miséria de milhões de portugueses. Instalou a vesânia entre gerações. Atraiçoou a pátria como títere das elites. Mentiu até ao absurdo, aumentou impostos, confiscou salários e pensões e não reduziu a dívida. Mas aviltou o Estado, porque "quanto menos estado, melhor estado", diz a falhada cartilha neoliberal.
Acossado, arma-se de farronca para nos dizer que ali "mora muita força"; que há "determinação e ideias para o futuro"; que a "sociedade do privilégio já começou a ceder".
De que "sociedade de privilégio" falará este marmanjo? A do ultra-liberalismo, que não pretende outra coisa senão reproduzir a escravatura do antigo regime? Ideologia pura!