Vincent Cochetel é um veterano de 30 anos da agência da ONU para os refugiados, mas a situação que encontrou nas ilhas gregas, o ponto da Europa onde este ano já chegaram mais refugiados, desafia todas as descrições: “O nível de sofrimento que vimos nas ilhas é insuportável. As pessoas vão para lá a pensar que chegaram à União Europeia. Mas a forma como são tratadas é inaceitável. É um caos total.”
O afluxo gigantesco de refugiados vai em 124 mil pessoas desde o início do ano, segundo as contas do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. 50 mil deles chegaram só em Julho — afirmou Cochetel, em Genebra.
Após ter visitado as ilhas de Lesbos, Kos e Chios, onde chega a maioria destes imigrantes — vindos sobretudo da Síria e do Afeganistão — após uma curta viagem por mar a partir da Turquia e uma longa viagem por terra, Chochetel viu como “não há instalações nem estruturas para receber estas pessoas“. “Não há água, sanitários, assistência alimentar, locais para se abrigarem.” Depois as pessoas partem para Atenas, “mas também não há nada lá para elas”.
“O fluxo de imigrantes está para além do que a nossa infra-estrutura estatal pode aguentar”, afirmou Tsipras, apelando ao apoio da UE. “Vamos a ver se a UE é de solidariedade ou só quer proteger as fronteiras”, desafiou. (...)
“Dissemos às autoridades gregas que, se fosse um desastre natural, seriam mobilizados outros meios, incluindo do Ministério da Defesa. Então, chamemos-lhe uma emergência da protecção civil. Há muitos quartéis vazios na Grécia que podem ser alugados”, afirmou Cochetel. [in PÚBLICO]