O crepúsculo ainda não tinha chegado mas a luz já era fraca. Foi quando a mãe, dos seus 40 anos, veio ao quinteiro e pediu ao Joaquim. Se a deixava dar uma volta no cavalo, só descer além à Corredoura e voltar a subir, antes de acabar as férias.
O bicho até era manso, o próprio dono ajudou a mulher a escarranchar-se na albarda. A filhita, de seis anos, é que ninguém a calava, também queria experimentar.
O Joaquim passou as rédeas à mãe. E a outra filha, de máquina na mão, quis fixar as cavaleiras. Para recordar na Suíça, nas noites de Inverno, as tardes quentes de Agosto ali na aldeia.
Mas a máquina armou-se em inteligente. Faltou-lhe a luz, disparou o flash, e o cavalo do Joaquim ficou encandeado. Alçou as patas da frente e despejou pela garupa as duas amazonas no meio da ladeira. Depois desabou em cima delas.
Vieram dois helicópteros, muito a custo acharam heliporto. Mas a filhita chegou morta ao hospital e a mãe uivou. De alma e corpo
A grande ceifeira tem as artes da raposa, que são sábias mas injustas. Quando entra na capoeira, é para levar a galinha mais gorda. Diz-se que é Deus, esse pobre coitado, quem sabe e quem manda. E leva com as culpas todas.
O povo, para quem a compaixão é um instinto, acorreu em massa ao cemitério.