A Tinta da China editou em 2013 esta obra do polaco Kapuscinski, "unanimemente considerado o grande autor da reportagem literária". "Colaborou com vários órgãos de comunicação, mas distinguiu-se enquanto correspondente da agência noticiosa polaca, a PAP: ao longo de dez anos cobriu cinquenta países. Viveu vinte e sete revoluções e golpes de estado, foi preso cerca de quarenta vezes e sobreviveu a quatro sentenças de morte. Assistiu ao golpe de estado do Chile (1973) e à revolução do Irão (1979). Os seus trabalhos mais conhecidos datam dos anos que passou em África, nas décadas de 1960 e 1970, onde assistiu em primeira mão ao fim dos impérios coloniais europeus. (...) Morreu em 2007".
Para um povo que arrastou até ao naufrágio a mó de moinho do império pendurada ao pescoço, esta edição seria uma epifania. Só o não é porque os portugueses não aprenderam a ler, nem querem aprender, nem estão autorizados a aprendê-lo, nas mãos de elites venais, corruptas e decadentes, que os tratam como gado.
Discurso duma beleza e perfeição que faz inveja, servido por uma tradução irrepreensível de Ana Saldanha. A ele havemos de voltar.