O Firmino tinha uma vida composta, já que se escapava à fome e às penúrias maiores. Passava os dias nos jardins do conde, era jornaleiro a tempo inteiro, tinha mesmo folha permanente nos orçamentos da casa. Um tal contrato sem termo era coisa nunca vista. Só muito tempo mais tarde vim a perceber porquê..
Há um século, uma criada de dentro resolveu casar. E o conde velho, que já mijava nas botas, cedeu os direitos de pernada a um irmão mais novato, que vivia no solar. O fruto desse exercício era o exacto Firmino, algo tosco, algo confuso, um arbusto do jardim. Mas foi desse parentesco que ele herdou o estatuto, o salário e o favor. Até que um dia morreu.
As aparências são outras. Mas foi sempre este o fadário talhado, que há uns anos esteve para mudar e não mudou.