segunda-feira, 10 de junho de 2013
Imperium - 5
« (...) O dia 29 chegou, o dia de um grandioso espectáculo a que Roma não assistia desde o tempo de Sila. Enquanto esperava perto do Arco do Triunfo, pareceu-me que toda a cidade se encontrava colocada à beira da estrada. Guiado pelos cônsules, a que se seguiam os restantes magistrados, o corpo senatorial, Cícero incluído, foi o primeiro grupo a passar pela porta, vindo do Campo de Marte. A seguir passaram os músicos, a fazerem soar as trombetas. Depois as carroças e liteiras cheias de despojos de guerra na Hispânia: ouro e prata, em moedas e em barras, armas, estátuas, quadros, vasos, peças de mobiliário, pedras preciosas e tapeçarias, modelos em madeira das cidades que Pompeu tinha tomado e saqueado, bem como cartazes a anunciarem o nome de cada uma, mais os nomes de todos os homens famosos mortos em combate. A seguir vinham os bois maciços e dóceis destinados ao sacrifício, de cornos decorados com fitas e grinaldas de flores, guiados pelos sacerdotes que os sacrificariam. Os pesados elefantes, símbolo heráldico da família Metela, e carroças puxadas por bois, onde vinham as jaulas com os animais selvagens das montanhas da Hispânia, a rugir de raiva e a tentarem partir as barras das jaulas. As armas e as insígnias dos rebeldes batidos, os próprios rebeldes, os seguidores derrotados de Sertório e Perpena, acorrentados. Depois as coroas e os tributos dos aliados, transportados pelos embaixadores de diversas nações. Seguiam-se os doze lictores do general, os feixes de varas e os machados enfeitados com ramos de loureiro. E finalmente, precedidos de um tumulto de aplausos da vasta multidão, os quatro cavalos brancos do carro do general passaram a trote pela porta e ele apareceu, Pompeu em pessoa, no carro em forma de barril, incrustado de pedras preciosas, do triunfador. Trazia um manto debruado a ouro, por cima de uma túnica florida. Na mão direita segurava um ramo de loureiro e na esquerda o ceptro, na cabeça ostentava a coroa de loureiro délfica; tanto o rosto bonito como o corpo musculado haviam sido pintados com um pigmento vermelho, pois, naquele dia, o general era a personificação de Júpiter. (...)»