domingo, 1 de maio de 2016

Ribeirinha

 Vê-la e ouvi-la passar, enquanto passa. Pintar-lhe imagens antigas, pensar-lhe mundos para além da margem, sentir-lhe emoções que não são novas... 
Para quê, se tudo está nela?!

O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos
Começa a não saber o que é o Sol
E a pensar muitas coisas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o Sol
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do Sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
[Excerto de Poemas (V) de Alberto Caeiro, Ed. Ática, Lisboa]