Sendo ou não a canção nacional, o fado é um produto cultural português por excelência, uma forma específica de expressão de alma. Caberá aos musicologistas definir como isso aconteceu, e porquê. Que atavismos lá estão dentro, ou que manias, ou quanto da saudade existe nele.
Hoje o fado está a mudar, e ainda bem, aqui temos um exemplo. Servido por um poema de luxo, de João Loio, pela voz rouca da fadista, liberto dos trinados marialvas e castiços que metem mulheres e toiros e severas com tabuinhas, respira renovação. Nem lá faltam os mitológicos lugares-comuns da História.
É a voz portuguesa do real, da vida, do desejo ou da paixão, que os portugueses criaram. Não há mais ninguém no mundo que o pudesse ter criado, que o entenda, que o possa imitar sequer. Verdes de inveja, os calvinistas disfarçam.