E a despropósito fosse (já que oportuno é-o sempre), este texto que algum dia aqui andou.
Salamaleques
Falo por mim, tiro o
resto pelo sentido. No banco tratam-me por senhor doutor. Outros sobem a
parada, põem-me galões ao ombro, derreiam-me o peito com medalhas de lata. O
arrumador titula-me engenheiro. E só amigos me tratam pelo que sou, um cidadão
assaz irrelevante.
- Que mal vem daí ao
mundo?!
Pois ao mundo não virá,
mas a nós vem. Que faz de nós figuras num teatro, e da vida real uma encenação.
Para alguém que venha
de fora, a nossa gramática das formas de tratamento mais parece uma charada.
Podia ser a marca dum requinte. E afinal é tudo manha, em troca dum favorzinho.