sábado, 6 de junho de 2015

O meu cavalo das sete cores

O Serviço das Bibliotecas Itinerantes da Gulbenkian editava um Boletim que fornecia aos utentes. Este número de 1991, com tiragem de 70 mil exemplares, era dedicado ao público infantil e dava a ler quarenta histórias inéditas.

Era branco o meu cavalo,
Certo dia quis pintá-lo.

Mas estava sem saber
Que cor iria escolher.

Olho o céu que me aconselha
Cores do arco-da-velha.

Pintei-o, então, com cuidado,
Do violeta ao encarnado.

Quem tem cavalo mais belo?
Logo o arreio, logo o selo,

Logo o monto, decidido:
Eu alegre, ele garrido.

Mas quando o meti à estrada
Deixou a cor encarnada.

E a agitar a crina em franja
Desbotou-lhe a cor laranja.

Dou-lhe, por meta, uma estrela.
E que é da cor amarela?

Foi pastar ao prado e perde
A quarta cor: a cor verde.

Sopra-lhe o vento do Sul
E leva-lhe a cor azul.

Vêm as chuvas de Abril
E apagam-lhe a cor de anil.

Corre, então, como uma seta
E foge-lhe a cor violeta.

E agora monto, discreto,

                      (António Manuel Couto Viana)