Hoje mais claro do que nunca, há séculos que é assim na nossa Pátria: os donos dela dizimam os melhores, para garantir o seu sossego.
O mais antigo é o ínclito infante D. Pedro, o príncipe das sete partidas que foi duque de Coimbra. Saiu de Portugal na Idade Média, viajou pela Europa e regressou um espírito moderno. A fidalguia que cercava um rei-criança atraiu-o a Alfarrobeira e liquidou-o.
Vem depois o Damião de Góis. Letrado humanista e reformado, serve o rei em múltiplos lugares da Europa, conhece Lutero e Melanchton, hospeda-se em Erasmo. A inquisição condena-o por heresia, vitima-o em Alenquer.
Do Marquês de Pombal não vale a pena falar. Foi um sanguinário déspota formado na Europa, que esquartejou os Távoras no Beco do Chão Salgado. Uma única pergunta subsiste: no seu tempo, que poderia fazer pela Pátria um ministro iluminado, sem antes partir os dentes à aristocracia indígena? Depois da morte do rei, os parasitas duma rainha louca destruíram-no aos poucos, anularam-lhe o legado.
Outros exemplos não faltam, para vergonha e desgraça da Pátria. A forma das coisas muda, a essência permanece. O preso 44 aí está para o demonstrar.