Sou uma criatura muito feliz e privilegiada. Tive a sorte de nascer num país, mais particularmente numa terra, que pouco ou nada tem que produzir para a riqueza nacional. Está dispensada disso por causa daquela chatice da interioridade. Mas põe à minha disposição jardins públicos, vetustas pedras e belos relvados onde o olhar se me recreia e o espírito espairece.
Aquele esbelto cipreste, ali encostado à muralha, esse então transporta-me à Toscânia. O que é que eu quero mais, se sempre lá quis ir?!
Veio de Itália para meu proveito, num camião que o trouxe expressamente, junto com outros irmãos. Foi plantado ali há cinco anos e adaptou-se muito bem. É uma beleza, não é?!
A factura dele parece que se perdeu numa gaveta qualquer, ninguém sabe explicar bem. E como ainda não está pago, arranjaram-lhe um lugarzito no extenso rol da dívida. Soberana, tanto quanto ouvi dizer.
Mas isso agora não interessa nada!