Quase vale a pena, ó MEC, aturar-te um ano inteiro de textos que roçam o irrelevante, para chegar à crónica do PÚBLICO de ontem!
Não é gago quem assim fala da gare do Oriente, aquela coisa com palmeiras que o Calatrava impingiu a uns pacóvios da borda d'água!
Com palmeiras que vieram da Galiza, ainda por cima!
Sem link, transcreve-se com vénia:
Tive o azar, recentemente, de visitar a gare do Oriente, em Lisboa, para apanhar um comboio para o Porto.Toda a gente me dizia para não lá ir mas, mais uma vez, fui vítima do meu optimismo maléfico.
Na gare, não há como transportar as malas ou onde sentar. Espera-se de pé, entregue aos elementos. É a ventania; é o sol e, se chover, é com a chuva toda que levamos nos cornos.
A estrutura metálica de Santiago Calatrava até é gira em fotografias, apesar de ser um bocadinho fin de siècle e estar para aí um século atrasada. Mas, vista por quem lá está, a olhar para cima e em volta, é uma excrescência repetitiva e distante, como se estivesse a fugir dos passageiros e do dever de protegê-los e de facilitar-lhes a vida.
Estando expostos ao sol, ao vento e à chuva, a gare obriga-nos a descer para um espaço imenso sem céu nem luz nem formosura, onde há um bar onde diz "bar" e bilheteiras onde diz "bilheteira" mas nada que distinga uma coisa da outra. No bar há mesas. Na bilheteira há bichas e guichets. Tudo sem qualquer graça ou ideia nova.
O ambiente é de confusão, insegurança e escoamento de esgotos. Sentimo-nos tão expulsos por esta cave como pela gare que nos expulsou para lá. Dez minutos-anos lá voltamos à gare, tentando guiar-nos pela péssima sinalização: só perguntando ao pessoal, sempre excelente e brioso, da CP.
Sair por Entrecampos é mau. mas é preferível. A única maneira boa de partir continua a ser pela santíssima Santa Apolónia.