Numa página do último EXPRESSO andam uns tipos muito atarefados, a passar a pano as frequentes gaffes de linguagem do pobre do Coelho. Desde o levar no lombo, às eleições que se lixem, já vai valendo tudo.
Dizem eles que é um ajustamento táctico, um exercício subtil de comunicação directa, um shunt propositado na ligação do Coelho à populaça. O Mendes acha mesmo que os deslizes dele foram de uma enorme eficácia.
Para que isso fosse verdade, para que o Coelho pudesse usar vários registos consoante a conjuntura, seria indispensável que ele fosse capaz de dominar a língua e respeitar-lhe a norma. E nesse campo nunca exteriorizou sinais de passar do grau zero.
A verdadeira questão não está no plebeísmo nem na rasteirice, mas antes na função, que exige compostura. E o Coelho não tem estatura para ela. Se lhe juntarmos o ano que passou, as tensões que comporta, e a quantidade de trampa que o governo vem acumulando, é natural que o homem comece a abrir fissuras. Emagreceu, murchou, perdeu a mão das rédeas, esgotou-se. Está como o Relvas, que não pode dispensar, mas já está morto. E ele, não podendo recolher-se a Massamá, deslassa a cilha e manda a função à merda.
O resto são tudo tretas.