terça-feira, 7 de junho de 2016

Restolhada

Durante a caminhada matinal passo à beira da represa. Mas oiço uma restolhada e aproximo-me. Ao longo de toda a margem andam cardumes de peixes a espadanar à tona. Agitam-se e fazem uma ruideira que eu não conhecia. Serão percas, trutas, carpas vindas lá das profundezas, não faço ideia, não sei.
Apoiado nos bastões ponho-me a subir o velho caminho mau, com tracção às quatro e redutoras. Antigamente era péssimo o caminho, próprio só de cascos de quadrúpedes. Mas agora faz lembrar uns campos elíseos novos, sem flâneurs a percorrê-los. Mas vão ficar para sempre o caminho mau, mesmo sendo uma avenida. 
Lá ao cimo no café procuro um pescador. 
- São carpas a desovar, vêm lá do fundo a libertar os ovos que ficam ao sol no meio dos caniços. E eles hão-de chocar. É claro que os achigãs vão ter a sua festa, mas a geração lá fica e continua. 
São lições da Natureza, que não conhece emoções  Faz o que deve ser feito e lhe compete fazer.