As esparsas sessões do Cineclube são uma excelente janela de respiração e informação, lá onde outras não existem. Pessoalmente sublinharam-me a importância do filme/documentário. O último apresentado era de 2013, Finding Vivian Maier, sobre um misterioso génio criador da fotografia americana.
De ascendência remotamente francesa, Vivian Meier foi ama de crianças e famílias em Nova Iorque, durante a segunda metade do séc. XX. E foi ao mesmo tempo fotógrafa compulsiva do quotidiano de rua. Armada da sua Rolleiflex (máquina de cintura), deixou um espólio prodigioso de dezenas de milhares de negativos e rolos por revelar, onde se reconhecem hoje instantâneos de génio.
Nunca foi reconhecida porque nunca se deu a conhecer, nem deu um passo para se mostrar. Até que em 2007, um agente imobiliário americano arrematou num leilão uns caixotes de negativos. Mal sabia o que ali estava.
É daí que nasce o filme-documentário, e as fotos de Maier começam a vir à luz. O meio fotográfico, que nunca a reconheceu, rendeu-se-lhe finalmente, porque a arte vence o tempo. O tempo é mesmo o juiz de última instância da qualidade artística da obra. Se ela o não venceu a ele, é que a obra não é mais que um sucedâneo. Contingente e transitório e fugaz