Finalmente encontro o stand da editora, parque acima. E encontro em Lisboa a luz de sempre e os jacarandás em flor. Ao fundo o Tejo a sugerir frescuras, epopeias.
Aproveito e folheio A Mulher que Venceu Don Juan, que está ali no escaparate. É um romance de Teresa Martins Marques, anunciada como doutorada pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Logo o que leio na contra-capa me põe de pé atrás. Mais uma que pontifica nos comentários do fècebuque, que não se dão ao cuidado de poupar na cretinice. O resto só me confirma as primeiras impressões.
Sem distinções de classe ou condição, o romancinho é uma colecção de histórias recolhidas numa casa-abrigo da APAV, entre uma série de mulheres vitimadas por vigaristas, chulos machistas, alguns podres de ricos e outros proxenetas, todos eles criminosos vampiros das mulheres. Para a nossa doutorada são todos Don Juan.
Poupo-vos à exibição das chagas, corrigindo:
Para Don Juan, o melhor dos amantes, a mulher é a figura onde a sensibilidade, a sensualidade e o prazer se reúnem até ao paroxismo. É o centro da beleza e da harmonia, o templo dum prazer que não conhece limites. É essa sedução que motiva Don Juan e o faz pisar a escarpa do delírio.
Num discurso básico e prosaico, infinitamente maçador, a ilustre doutorada constrói o seu romancinho sobre a vulgata comum, o equívoco, a ignorância e os atavismos do vulgo. No fim apõe descaradamente a sua assinatura, adensando a escuridão. Uma vergonha!