quarta-feira, 9 de julho de 2014

Cidade

Mais do que chegar a ser uma cidade, o Porto é um lugar onde vive muita gente. Veja-se a exemplo a falta de vergonha com que recebe os visitantes que lhe chegam de autocarro: um lôbrego galpão, que é uma ruína de guerra.
Tem a S. Lázaro uma boa biblioteca, que já tinha. Tem pólos universitários de fazer inveja, que andou a construir e agora vai perdendo. Tem ali a Pedras Rubras o melhor aeroporto do Noroeste, que os low-costs amamentam; infelizmente não basta para o transformar no pólo peninsular de que uns indígenas falam. Tem um brinquedo caríssimo, de novo-rico pacóvio, não completamente inútil porque de horas em quando lhe dão uso, com concertos do Lenine e da Calcanhoto.
Em 2001 foi a capital de qualquer coisa. Hoje é a capital da precariedade e da penúria, se o não for antes da pura indigência. De sério, de irreversível, de verdadeiramente civilizacional, resta ao Porto a limitada rede de metropolitano, que transformou a vida da cidade e o civismo dos seus habitantes. Por esse pouco aí andam os falsários da finança, e o seu conto do vigário da dívida soberana e da austeridade. Para esses, o Porto estava bem servido com o velho americano. Que se fodam!