quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Tempos

É o final da madrugada, mais que alguns indícios da manhã. Mas acordo já desperto. Tomo o chá, no centro da Itália um terramoto severo, há mortos. 
Saio ao alpendre. Pelo céu alto anda um minguante pálido. A Orion vagueia lá por Castela. Um cão estremunhado ouve-se ao longe... e a toada monótona dos ralos, os primos cegos dos grilos.
A feira de Agosto já passou, dizem as tradições que o Saturno se instala. "Há um sobressalto na paisagem / do céu fugiu a cor / a brisa bate à porta / vem entrando Saturno, o melancólico".
Na preguiçona do alpendre haveria eu de sentir a orvalhada, frialdades matutinas. Mas não, porém, que os tempos andam outros. E aqui mesmo vou dormir a hora que me falta. Até que as rolas e os meus vizinhos acordem.