Marialva é um lugar de peregrinação, se melhor não for chamar-lhe de romagem. E ontem lá fui, aproveitando uma fresca.
O posto de turismo está a cargo da câmara da Meda. Mas fechou, contrariando o horário afixado. Ninguém cobra as entradas no castelo. Eu porfio e encontro abertas as portas do Anjo.
Vejo das muralhas as três páginas da história que aqui ficaram abertas: a página de há mil anos, a de há quinhentos e a de ontem.
Vejo o que tenho para ver, salvo a transcrição da Viagem a Portugal, de Saramago, que ali ficou picotada numa fraga. Mais a adivinho, porque não se pode ler. Os líquenes tomaram conta dela.
Sobrou-nos a paisagem da charneca a perder-se de vista, ressequida agreste e milenar, por onde deambulam uns camones.