Ninguém sabe. Ninguém o saberá nunca. O pecado capital de Costa, se algum houve, foi ter deixado Sócrates entregue à sua sorte. Agrilhoado ao pelourinho público, mesmo na boca dos cães. Como se fosse um leproso.
Ninguém sabe. Ninguém o saberá. Mas a mim apetece-me pensar esta coisa edificante: os portugueses, ao Costa, não lhe perdoaram a traição, a cobardia, a pusilanimidade. Apetece-me pensá-lo mas não é verdade. Tudo quanto os portugueses não castigam é a canalhice, a esperteza saloia, os jogos da vermelhinha. Mas imolam homens rectos desde há séculos.