Ouvi-a no Convés dos Almirantes, a um tripeiro empedernido. E vendo-a pelo preço que me custou!
Em 1955 a rainha Isabel II visitou Portugal. Eu lembrei-me logo da Praça do Município, em Lisboa, e do estado lamentoso em que ficou até hoje, quando a viu passar, o efebo de pedra que encima o frontão da Câmara Municipal. Mas o tripeiro já lá ia adiante!
O mais ruidoso da recepção à rainha teve então lugar no Porto. Houve mesmo uma sessão num Coliseu a abarrotar, onde o mestre de cerimónias ofereceu a Sua Alteza um broche de filigrana, duma oficina de Gondomar. Uma peça integralmente feita à mão, conforme se esforçou por sublinhar.
Logo caiu, do balcão, a corrigenda:
- Aube lá, murcón! Atão num tás a ber?! Se é feito à mão num é broche! É punheta, carago!
O Coliseu por pouco não desabou. E como ninguém traduziu, Sua Alteza tomou o sobressalto por emoção popular. Lá sorriu, gratificada.