domingo, 20 de janeiro de 2013

Quem?!

E adonde?!

Nota: O texto desta belíssima composição, por certo velho de séculos, lembra as nossas antigas cantigas de amigo medievais, com diferenças marcantes.
O enunciador é masculino. Sugere um estratagema e incita a donzela (que trata como mulher, como dona, como fêmea) a escapar ao controle doméstico da mãe. Que uma mulher faz o que quer
O quadro é naturalmente campestre, mas não há idílio ingénuo ou inocente. Antes uma carga erótica explícita e atrevida, que deve ter dado muito que fazer a teólogos e quejandos.

Arrisca-se uma tradução livre: Agarra na palha e vai acender o lume (pedir lume à vizinha?). Vai a casa do teu namorado e aproveita duas horas do teu tempo (de jogo?, de brincadeira?). Se a tua mãe se zangar contigo, diz-lhe que foste buscar lenha. Diz-lhe que foste ali ou acolá, que uma mulher faz o que quer. O sol brilha quando o tempo está bom. E assim brilhará o teu peito, que a mulher galante traz no seio dois punhais de prata. Quem lhe toca, bela, fica santo. Toco-lhe eu, que sou teu namorado. E certamente entramos no paraíso. Diz-lhe que foste ali ou acolá, que uma mulher faz o que quer.