segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

HAJA LUZ! - 6

A Idade da Terra

«A botânica e a zoologia deram o mote, as restantes áreas do conhecimento foram atrás. No séc. XVIII assistiu-se a uma tentativa universal de sistematizar todos os conhecimentos. (...) Buffon juntou-se ao grupo, passeou pela Europa, visitou Londres e foi eleito sócio da Royal Society. (...)
Uma simples extrapolação para o diâmetro da Terra permitiu-lhe concluir que o nosso planeta teria levado 42.964 anos e 221 dias a arrefecer. A estimativa de Newton, que o próprio considerara pouco realista, era de 50 mil anos. O problema é que, em 1620, o arcebispo de Armagh e primaz da Irlanda, James Ussher, tinha concluído, através da cronologia das gerações bíblicas, que o universo tinha sido criado por Deus no Domingo, 23 de Outubro do ano de 4004 a.C! Cálculos semelhantes levaram-no a afirmar que Adão e Eva tinham sido expulsos do Paraíso a 10 de Novembro de 4004 a.C., e que a Arca de Noé pousara no monte Ararat na 4ª feira, 5 de Maio de 1491 a.C.»

As Academias

«A História Natural de Buffon cobria supostamente toda a criação divina. Faltava ainda dar conta de toda a criação humana - as artes, as ciências e os ofícios.Tal tarefa coube aos iluminados do séc. XVIII. (...)
Primeiro organizaram-se os homens interessados (eruditos ou instruídos); depois organizaram-se os conhecimentos - aquilo que aqueles sabiam. Uma das primeiras Academias (1603) foi a Accademia dei Lincei, em Roma, a que pertenceria Galileo Galilei. Mas as duas primeiras grandes sociedades, clubes ou academias de eruditos (filósofos naturais e homens de letras) foram a Royal Society de Londres e a Académie des Sciences de Paris. Ambas começaram como encontros informais de gente famosa.(...)
Em Portugal, a Academia Real das Ciências de Lisboa foi fundada em 1779 por D. João de Bragança, 2º duque de Lafões, e pelo abade José Francisco Corrêa da Serra, um dos mais distintos estrangeirados.(...)
Nasceu em Serpa em 1750, mas aos seis anos foi levado para Nápoles por um pai que desconfiava da Inquisição. Estudou direito e botânica em Roma, e em 1775 foi ordenado padre pelo recém-coroado papa Pio VI, na basílica de S.Pedro. Dois anos depois estava em Portugal, onde beneficiou da protecção do duque de Lafões. Complicações resultantes do apoio que dera a um refugiado girondino forçaram-no a fugir para Londres, onde foi recebido por Joseph Banks que o fez sócio da Royal Society e da Linnean Society.
Em 1801 era conselheiro da Legação de Portugal em Inglaterra, mas desentendimentos com o embaixador levaram-no a mudar-se para Paris, onde continuou os seus estudos de botânica no Jardim das Plantas. Opositor da invasão napoleónica da Península Ibérica, partiu em 1812 para a América, onde imediatamente integrou as elites política e científica de Washington, Filadélfia e Charlottesville (Virginia). (...)
A última grande obra de Thomas Jefferson seria a fundação da universidade da Virgínia (Charlottesville) onde tentou convencer o abade Corrêa a aceitar a cátedra de botânica. (...) 
A carreira americana do abade Corrêa da Serra terminou com o regresso a Lisboa em 1821. Ainda foi deputado às Cortes por um ano, mas veio a morrer em 1823 nas Caldas da Rainha, onde se encontrava em cura de águas.(...)»