E lá fui, custou-me a tarde inteira, a corrigir o Documento Único ao Instituto da Mobilidade. Pedi o livro de reclamações, puseram-me na frente um director-geral. E cinco dias depois lá chegou no correio a nova certidão de nascimento do velho couraçado.
Este retomara a cor original, livrou-se da capota que à falsa-fé lhe vestiram, ganhou o peso certo. Mas a data da matrícula continuava errada, e o motor, agora, gastava gasolina. Logo agora, ao preço a que ela está! Os seis cilindros, que eram o meu encanto, iam arruinar-me o orçamento! De forma que voltei ao Instituto.
Fui como quem lá vai pela primeira vez. Armei-me de paciência, contive indignações, deixei-me de protestos. Já nem pedi o livro de reclamações, para não ter que aturar um director-geral. O que eu queria era salvar o couraçado.
Passaram três semanas, até agora nada! E eu que não vejo o fim desta mofina história, vou começar a dizer mal do governo. Há-de ser a solução. A acreditar em tantos patriotas que por aí andam a vozear, tem que haver um ministro qualquer responsável por esta mala-pata. Está-nos na massa do sangue, se não for a história a explicá-lo.