A lembrança mais antiga que guardo na memória é tão remota que nem eu mesmo cá andava para dar notícia dela. Vem da minha avó materna, que em cachopa vinha apanhar garrobas para as colinas de Foz-Côa. Vinha de longe, da aldeia onde vivia, de lá para aqui era uma eternidade. Mas ela vinha, a pé, conforme então se usava. E as garrobas eram indispensáveis para o gado, antes de haver as rações que andam pr'aí.
Mais tarde viveu connosco, foi a nossa salvação: os cuidados e a paciência que nos deu não se podem esquecer.
Que os deuses hoje a guardem e a protejam, se puderem. Que o paraíso perdido sem mulheres não existia.