[Foto de Duarte Belo]
Depois da invernada cavaquista que durou uma década comprida, quando em 1995 o eng. Guterres chegou ao governo, tomou duas decisões:
- suspender as portagens na CREL;
- suspender a barragem do Côa, com a obra já em andamento.
Ora o que tem que ser tem muita força, como às vezes é sabido. E a CREL lá tem portagens há muito. O mesmo não sucedeu, infelizmente, às gravuras nem às obras. A EDP recebeu cem milhões pelos trabalhos já feitos, esfregou as mãos toda contente, e foi assaltar os vales do Sabor mais o do Tua.
Com o disparate assim em roda livre, o Museu do Côa era uma questão de tempo. E hoje lá está, no cimo dum outeiro. Não liga o aquecimento, porque não há dinheiro para a factura e a EDP não fia. Não tem cartuchos para a fotocopiadora, porque o Gaspar mandou fechar as torneiras. Não há iniciativas culturais, porque o dinheiro escasseia. Em Castelo Melhor e Muxagata, as instalações de apoio estão paralisadas. Há muito que os arqueólogos perderam o trabalho, e os visitantes votam por correspondência.
O que nos vale, a nós todos, é o eng. Sócrates, como bode expiatório. Já que, de elefantes brancos visionários, temos os manuais de história a abarrotar.