[Ilustração do desastre fatal de Pierre Curie, anos 1940 - Júlio Amorim (?)]
«(...) Em Março de 1902, ao fim de quatro anos de exaus
tivas investigações (e alguns valores errados), [Pierre e Marie Curie] podiam anunciar que a massa atómica do rádio era 225.93. No ano seguinte eram contemplados com a medalha Davy da Royal Society e partilhavam o Prémio Nobel da Física com Becquerel. Era a primeira vez que o Prémio Nobel era atribuído a uma mulher. Em 1911, já viúva, Madame Curie receberia um segundo Prémio Nobel (desta vez de Química), pela descoberta do polónio e do rádio. Sucedera também ao marido na Sorbonne - a primeira mulher catedrática na história da instituição. O seu prestígio no mundo científico era enorme, e a publicação das Investigações sobre as Substâncias Radioactivas (1904) consagrou-a como Madame Rádio!
Em 1909, em colaboração com o Instituto Pasteur, foi criado em Paris o Instituto do Rádio, que ficou operacional em 1914 com a construção de dois pavilhões - o Pavilhão Curie, dirigido por Mme Curie, para investigações em física e química; e o Pavilhão Pasteur, para o estudo dos efeitos médicos e biológicos da radiação.
Julgo importante referir que vários físicos e químicos portugueses - Mário Silva, Manuel Valadares, Branca Edmée Marques - passaram pelo laboratório de Madame Curie, no Instituto do Rádio, onde se doutoraram, durante os anos 1920 e princípio dos anos 1930. No entanto, a influência de Marie Curie na ciência portuguesa foi diminuta, em parte porque os melhores dos seus discípulos lusos seriam compulsivamente afastados das universidades pelo governo salazarista. (...)»