" (...) Os mais ricos têm escravos de ambos os sexos, e há indivíduos que fazem bons lucros com a venda dos filhos das escravas nascidos em casa. Chega-me a parecer que os criam como pombas para levar ao mercado. (...) (Clenardo)
"Quando chegou ao tema dos escravos, o eclesiástico deixou turvar de lubricidade o olhar.
Tem o duque de Bragança criação de escravos mouros, alguns dos quais são reservados unicamente para fecundação de grande número de mulheres, como garanhões, tomando-se registo deles como das raças de cavalos em Itália. Deixam essas mulheres ser fecundadas por quem quiser, pois a cria pertence sempre ao dono da escrava e diz-se que são bastantes as grávidas. Não é permitido ao mouro garanhão cobrir as grávidas, sob pena de 50 açoites.
Rebanhos de fêmeas como este há muitos em Portugal e nas Índias, somente para a venda de crias. Creio que muitos têm inveja desses mouros garanhões."