Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do universo.
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Isto era o que dizia o mestre Caeiro, mas a vantagem é minha. Porque vejo a mesma coisa enquanto, sossegado, me sento à mesa na dona Rosa:
Há um casal que fala francês (ela), e lê cuidadosamente uma versão do Bedecker, enquanto ele bebe um belo vinho português a bon marche;
Há duas testemunhas de Jeová (dois homens), um dos quais bebe vinho às escondidas;
Há um casal de sefarditas que vieram de longe, reconhecer as origens distantes. Ele tem a idade de quem foi à guerra dos seis dias e desfez os palestinos; ela é nova, com ar de quem se chateia com a vida do colonato...