sábado, 14 de novembro de 2015

Prefiro um adversário que mantém a pele do lobo, a um inimigo disfarçado de cordeiro!

"As eleições não mudam nada nos países do euro com economias mais fracas. Porque estes países, se pretenderem manter-se dentro do euro, têm de se submeter, convictamente ou forçados, à continuação da austeridade, às privativações, à perda dos direitos laborais, ao desemprego, à precariedade, aos baixos salários e a um estado social encolhido, decadente e para pobres." ***
Isto mesmo disse há dias o Presidente do Eurogrupo, (esse pagão que dá pelo nome bárbaro de Jeroen Dijsselbloem, um holandês tão obscuro quanto trapaceiro), uma instância do poder de Bruxelas que reúne os ministros da Finanças da zona euro. E deixa explicitamente definido todo um programa de aniquilação dos preguiçosos do Sul.
A esplêndida luminária é holandesa, e a fala dela vem muito a despropósito do resultado das eleições de 4 de Outubro em Portugal. 
Estes facínoras, fanáticos e falaciosos, que mandam na Europa sem mandato dos povos dela, vestiram-nos o colete de forças da penúria e sequestraram a liberdade e a regra democrática. Da sociedade grega só já lhes sobra a carcaça, uma vez que ela já vende ilhas a magnatas, já leiloou o Pireu, já pôs em praça uns ecos da Pitonisa. Mas as contas finais ainda não estão feitas, e o assunto muito longe da resolução. Falta-lhes ainda roer os ossos do Tsipras, que são muito mais duros do que parece a alguns!
Os portugueses vieram a seguir, pela trela duns sipaios de serviço, destes lacaios traidores e incompetentes, da melhor colheita nas elites lusas. Para eles foi o melhor que se podia arranjar; para nós ficou o pior que nos podia acontecer! Mas lá havemos de ir, ao rendez-vous a que estão convidados muitos outros meninos da Europa rica e bonitona. Lá iremos. passo a passo, Porque o que tiver que ser, tem muita força!

*** A citação é tomada do jornalinho duma aldeia de Riba-Côa, São Pedro do Rio Seco de seu nome, onde abriu os olhos pela primeira vez o velho Eduardo Lourenço. E é o melhor meio de imprensa do distrito da Guarda, que hoje resvalou para uma funesta decadência. Perdeu a universidade para Viseu, a Saúde para a Covilhã, alguma indústria para Castelo Branco. E perdeu a larga tradição que sempre teve, da formação escolar e cultural dum distrito perdido atrás do sol posto. Trocou em tempo um Sócrates por um Seguro, e ficou só com uma prisão de ventre. É lá com ela!