quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Novas e férreas e impiedosas fronteiras

Na constelação dos cronistas e comentadores por conta, João Miguel Tavares é assíduo no PÚBLICO e residente nesse clube de cabotinos, que é o governo-sombra da TSF. É uma supernova da direita náufraga. E alcançou, aqui há tempos, alguma densidade na paisagem da comunicação, por efeito cósmico dum processo intentado por Sócrates, a propósito de mais uma calúnia. 
A coisa correu bem a JMT, e o desempate foi-lhe favorável. E se antes disso era um remoto cidadão anónimo, depois ascendeu a guru do pensamento, a luminária da reflexão e da análise políticas. Ei-lo em palco, numa página do PÚBLICO.

" (...)Existe certamente alguma elasticidade para os partidos poderem desviar-se dos seus compromissos eleitorais e de, em função dos resultados e da própria realidade, ensaiarem algumas aproximações que não haviam sido explicitamente contempladas durante a campanha — daí eu considerar que o PS tem inteira legitimidade para procurar acordos à sua esquerda.(...)"

Depois de tanta compreensão e tolerância, JMT abre a boca de cena:

"(...)Mas deitarmo-nos com António Costa e acordarmos com Jeremy Corbyn é ir longe demais.(...)"

Para nos aplicar a final machadada, num duro golpe de sagacidade e fina argúcia:

"(...) Não tenho a menor dúvida de que um governo de gestão seria péssimo para o país. Mas se ele tiver de ser o preço a pagar para impedir o sequestro do voto dos portugueses durante quatro anos, Cavaco não deve hesitar. Sendo péssimo, o governo de gestão tem esta inestimável vantagem: garante eleições daqui a cinco meses. Se o acordo da esquerda for apenas um logro e uma palhaçada para português ver, António Costa não pode ser primeiro-ministro."