António Borges Coelho dá a palavra aos cronistas, e conta isso muito bem na sua História de Portugal, Vol. IV, Na Esfera do Mundo.
E logo explica, na contra-capa, que «A militarização da sociedade e o triunfo da Contra-Reforma permitiram que os teólogos, os doutores e os fidalgos se manifestassem na direcção da política, da cultura, da economia e da ideologia. Afundaram as contas, travaram a actividade dos mercadores profissionais, em boa parte cristãos-novos. O tribunal do Santo Ofício e os teólogos conservadores das Ordens Religiosas bloquearam a criatividade do pensamento, a crítica e as práticas que se desviassem dos dogmas tridentinos. Sufocaram no berço a rotura epistemológica que internamente se operava e se desenvolveria na Europa.»
Antero de Quental, em Causas da Decadência dos Povos Peninsulares, e António Sérgio em Breve Interpretação da História de Portugal, já tinham dito coisa parecida há muito tempo. Mas quem é que quer saber disso, numa terra condenada à miséria e governada há séculos por filhos da puta, como hoje se vê tão bem?