A Inglaterra e os Estados Unidos retiraram o apoio militar aos rebeldes patriotas da Síria, para não engordarem a barriga da Al-Qaeda. E nós, que emprenhamos de ouvido, ficamos todos contentes porque já esquecemos.
Já esquecemos que o Kadhafi foi trucidado pelos aviões da Nato. Foi caçado como um rato pelos agentes da Cia, e acabou sodomizado a varapau pelos rebeldes patriotas da Líbia quando já era um cadáver.
Já esquecemos que os líbios retrocederam três décadas, na civilização e nas condições de vida.
Já esquecemos que em Tripoli, no Mali, na Tunísia, no Sudão, no Egipto, no Iraque, no Afeganistão... são os radicais islâmicos fanáticos quem hoje mais ordena.
Já esquecemos que a Síria e Assad, o déspota que estava à mão, eram o passo seguinte.
Já esquecemos que o déspota resistiu, e os paladinos dos direitos humanos tiveram medo de partir os dentes e não se meteram lá.
Já esquecemos a história das armas químicas, que só um déspota usa contra o seu povo, sem nunca o terem demonstrado.
Já esquecemos que a Síria se transformou numa catástrofe humanitária indescritível.
Já esquecemos todos, conforme nos compete. Porque assim nos reduzimos ao simples papel do corno, o único e ruminante papel que nos reservam: ter a cargo a digestão das facturas, e ser o último a saber donde elas vêm.